Ainda e outros poemas #36

Por Mauro Andrade | Publicado originalmente em 28 de março de 2025

Permanent Dance, 2021. Via: rebecka.xyz

Permanent Dance, 2021. Via: rebecka.xyz

Ainda


              	
                        Ainda estou aprendendo

			como dirimir controvérsias

			como fechar negócios

			como viver em Pérsia


			Quando eu luto com o ócio

			Sinto dor até meus ossos

			Quando saio dessa casa

			O mundo parece que me arrasa


			E o começo está só destroços

			E a viagem será só dos sócios

			E o desemprego bate na mesa


			Eu ainda estou aprendendo

			como virar esse jogo

			como atrair leveza

			e como arriscar minha vida


			Quando ela passa como um

					sopro

			É que eu sei que estou moco,

				que estou moco!

			
			Devo desentupir meus ouvidos e sorrir

		O sorriso desentupirá meus ouvidos...


        (ainda farei tudo isso de novo,

	essa é a beleza!)

Gulp.

  Não me engano pela doçura das suas palavras, que são frutos de dor,

                      eles aliviam sua dor, abocanham sua dor, a mastigam e a cospem

de volta                                  pra mim, para ficar fácil, bem mais fácil de eu a

               engolir. (gulp.)

Ode à Dificuldade



Não fugirei da luta

mas ei de dormir

na batalha

Na ponta do fio da navalha

meus pés cedem à labuta

e eu queimo a linha de

chegada

O estresse me ajuda

a felicidade me acompanha

sou cheio de artimanhas

e vou dançando pela rua

Se eu morrer ou se eu sorrir

se eu perder o ar ou gargalhar

Se eu fugir ou partir

Se eu souber de cor ou esquecer na maior

E o que era um se tornar algum

Meu amor se estenderá a todos ou a vários

E meus filhos de mim não vão esquecer

nenhum!

Vi que você


   Não sei se devo escrever isto,

          mas vi que você estava linda hoje

          e senti vontade de te comer novamente._

A Verdade


                     A verdade é um coração de 1000 páginas em branco

                     que durante a vida temos de lembrar de escrever.

                     Suas folhas são duras

                     como telhas de amianto

                     E o fim da história é impossível saber!



                       Construiremos cada palavra



                     com o suor de nossas lágrimas


                     Ao final do dia teremos uma casa,

                    um lar-doce-lar ou telhas em brasa!




                         Eu não minto sem saber,

                        A verdade é que mentimos por querer

                   e posso mudar isso?

Como eu posso mudar isso!

          Basta pensar, falar, e escrever... te.

Amor & Ódio


                                        Eu me amo
                                    ou me odeio
                                ou simplesmente
                            não dou a mínima

    Eu lhe amo
        ou lhe odeio
            Simplesmente assim
                oh, menina!

	                Quisera eu
	            me entender,
	                    Quem sabe eu
	            deixasse
	                     de lhe encantar...
	
	Nos amamos ou nos odiamos ?
	
	                Eu realmente
	                    não
	                dou a mínima.

Mistério


Eu preciso parar de achar

que para nada estou pronto

E que a vida é um mistério

a ser solucionado

Algumas coisas são intuitivas

outras já nascemos sabendo

e quanto ao resto

é preciso desaprender

o que nos ensinaram!

Dormir


          Dormir
        mais de 12 horas
    é como beber suco de
        manga
             pelado
                na selva
            com sereias nuas e
        a brisa no horizonte
            esperando dar minha
                hora...
                    (de acordar)

Ansiedade Alternada


			Um rápido poema

		Um lastro de pena

			que deveria ter

             		sido escrito ontem

		que eu não posso ter

		de mim mesmo

			mas aqui eu me rendo (desse poema)

		mas aqui eu me rendo (dessa pena)

			e descanso como homem!

                e cumpro as penas de Eva.

Leituras


eu leio dois livros por ano

e meu trabalho me obriga a escrever mais do que eu leio

eu criei um site só pra provar isso

e vinha publicando coisas lá toda terça desde um tal ano

nesse ínterim, muitas coisas aconteceram

eu me formei, e agora trabalho

como vários de vocês.


essa história de que existe um sentido último pra vida

um ou outro porquês

o qual estamos todos procurando

é balela —

você pode achar sentido num pedaço de pão mofado

ou nas veias selvagens de um cachorro de madame

latindo pras pessoas na rua,

você pode ver nos olhos de um mendigo

qualquer coisa menos vontade de pedir

e achar que aquilo é a porta do céu,

uma falcatrua.


Quando eu me desembainho

a andar por aí até a lua

tudo que eu quero

é sentir um pouco mais

disso aqui.


Caroll NYC - Number1Bunny

"I used to think that i could never Lose anyone if i photographed them enough... in fact, my pictures show me just how much i've lost ... "
Via: number1bunny.com

Obrigado pela leitura, peasant.